Existiu uma época onde as fotografias eram presas em papéis.
Um tempo em que se guardava em caixas de sapato memórias de uma vida.Situações
e momentos eram capturados com a finalidade de eternidade e aquele pedaço de
papel deixava de ser meramente um pedaço de papel para ser o registro de um
sentimento.
Sempre tive essa mania. Os olhos capturavam aquilo que
gostaria que se tornasse eterno pra mim. Emoções que, assim que identificadas,
eram posteriormente congeladas em antigos filmes fotográficos e em seguida
impressas em papel.
E assim guardei, sentimentos, emoções, momentos, histórias.
Fiz da minha câmera a minha máquina do tempo e hoje posso através da imagens,
relembrar, rir e chorar minhas dores, meus amores, minhas memórias. Sentir
saudade daqueles que se foram, daqueles que se afastaram por vontade própria ou
imposição do destino e daqueles que ainda permanecem ao nosso lado.
Reencontrei há alguns dias atrás a minha caixa de sapatos.
Dentro dela inúmeras fotografias de diferentes momentos da minha vida. A
empolgação foi tamanha! Uma a uma fui fotografando e enviando pelas redes
sociais aos amigos que fizeram parte desses registros, percebendo que a alegria
foi compartilhada e com um ato tão simples fiz a felicidade das pessoas a quem
amo!
Relembrar é viver. O que esses retratos proporcionaram vão
além daquilo que os olhos veem. O lugar, suas características, as pessoas que
estavam ao nosso redor, o assunto do qual conversávamos, as roupas que
usávamos, nossa aparência, as mudanças de postura e de forma, além de todas as
memórias tão íntimas e pessoais.
Nessa era digital, onde registros são feitos de forma tão
momentânea, redescobri a magia de antigos retratos em papel. Perceber que o
encanto prevalece, que o beijo de saudade encontrou aquele momento
insubstituível. Fazer das memórias não somente um grito de dor, mas um sorriso
de euforia. Manusear histórias, sentir a vida na palma das mãos.